quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Fair Play

No próximo dia 1 de dezembro, durante uma Assembleia Geral e Cerimônia de Gala, a FIM (Federação Internacional de Motociclismo) vai homenagear o fotógrafo Sérgio Sanderson. O brasileiro vai receber da entidade máxima do motociclismo o Troféu Fair Play, uma honraria que será concedida pela nona vez.

Sanderson será premiado por um gesto heroico durante a sexta etapa do Moto 1000GP, o campeonato brasileiro de motovelocidade. Em 20 de outubro deste ano, no Autódromo Internacional de Santa Cruz do Sul, Sérgio testemunhou um acidente sofrido por Alex Pires e correu para resgatar o piloto, que, com dores, ficou deitado no chão ao lado de sua moto em chamas.

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Sanderson resgatou piloto após acidente em Santa Cruz do Sul (Foto: Maurício Braga/ Moto 1000GP)
“Enquanto eu fotografava, percebi que o piloto não se mexia e corri lá para ajudar”, relembrou o fotógrafo contratado pela organização do campeonato. “Fiz o meu papel, que no meu ponto de vista está 100% correto. Ali eu não vi um piloto. Vi um homem, um pai de família fazendo parte de um sistema que tinha de ser honrado. Na hora não pensei em normas, no evento, em nada disso. Agi por impulso, por instinto”, continua.

Resgatado pelo fotógrafo, Alex Pires conta que, temendo uma lesão na coluna, em um primeiro momento chegou a pedir para que Sanderson não o tocasse. “Eu estava caído e sem sentir a perna. Não queria me mexer, a preocupação era com a coluna, só o que eu pensava era em algum dano à coluna”, contou. “Hoje é até engraçado, lembro que ele chegou para me ajudar e comecei a falar ‘não toque em mim, não toque em mim’, e ele gritava ‘fogo, fogo, fogo!’, foi só aí que vi o fogo. Só estava preocupado em manter minha posição até o médico chegar”, explicou.

“Tenho certeza que o Sanderson não me viu como piloto naquele momento, mas como um ser humano em perigo. Provavelmente por isso ele tenha vencido a resistência da regra de ninguém tocar no piloto até a chegada de um médico”, declarou. “Faço questão de cumprimentar o Sanderson pelo prêmio recebido. É um prêmio pela coragem que ele teve naquele momento”, reforçou.

Ao relembrar o acidente, o fotógrafo explica que depois, com Alex Pires bem, não conseguia parar de chorar. “Publicar acidentes não é do meu praxe, acho que talento se mostra recebendo bandeirada, subindo no pódio. Aquele momento me marcou muito, meu impulso foi tão forte que não usei a racionalidade, usei a alma”, justificou. “Depois que tudo acabou, com o piloto bem, chorei por cerca de meia hora. Não conseguia parar de chorar”.

Honrado com o prêmio concedido pela FIM, Sanderson faz questão de dividir a conquista com todos aqueles que agiriam da mesma forma. “Esse prêmio simboliza tudo aquilo que eu fiz durante toda a minha vida. O que faço questão é de estender o prêmio a todas as pessoas que naquele momento na pista, naquela situação, tomariam a mesma atitude que eu tomei, que têm essa mesma essência”, falou. “Também é uma ocasião perfeita para mostrar que fazer o bem nesse mundo ainda vale a pena”, defende.

Esta será a nona vez que a FIM entrega o Troféu Fair Play. Antes de Sanderson, a honraria foi concedida ao francês Patrick Igoa, em 1986, aos italianos Virginio Ferrari e Roberto Rolfo, em 1992 e 2004, ao norueguês Stig IngeBergersen, em 1994, ao estoniano Jüri Makarov, em 1996, e ao chileno Carlo de Gavardo, em 1997, além do clube polonês Sparta-Aspro, em 1992, e do grupo britânico Riders for Health, em 1993.

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