segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Era de ouro

Teve quem duvidasse do caminho proposto pela Dorna para a MotoGP, mas a temporada 2016 é uma clara mostra do acerto da promotora espanhola.

Nas 12 corridas disputadas até, foram sete vencedores diferentes — Jorge Lorenzo, Marc Márquez, Valentino Rossi, Jack Miller, Andrea Iannone, Cal Crutchlow e Maverick Viñales. E não é só isso. Essa variação foi registrada em um intervalo de sete corridas.

Até aqui, a maior sequência de vencedores diferentes tinha sido registrada entre o fim da temporada 1999 e o começo da 2000. Na época, também foram sete os pilotos que se sucederam no topo do pódio: Alex Crivillé, Regis Laconi, Taddy Okada, Max Biaggi, Norick Abe, Kenny Roberts e Garry McCoy.

Mas é um fato inédito em uma única temporada. Além disso, destes sete vencedores de 2016, quatro viram a classe rainha do degrau mais alto pela primeira vez — Miller, Iannone, Crutchlow e Viñales.

MotoGP vive um excelente momento de sua história (Foto: Yamaha)
Nos anais do Mundial, 2006 tinha sido o último ano a registrar tantos vencedores inéditos. Dez anos atrás, Dani Pedrosa, Toni Elías e Troy Bayliss conquistaram seus primeiros triunfos.

2006 também tinha marcado a última vez em que duas corridas foram vencidas por times satélites (Marco Melandri e Toni Elías, ambos pela Gresini). Agora, o feito foi repetido por Miller — Marc VDS — e Crutchlow — LCR.

Isso, por si só, já é uma mostra do acerto da empresa espanhola. Quando decidiu pela eletrônica padrão, a Dorna conseguiu um jeito de nivelar o mundial, permitindo que os times independentes brigassem perto dos ponteiros.

Claro, Yamaha e Honda seguem sendo forças importantíssimas e de maior destaque no Mundial, mas a Dorna conduziu o certame de tal forma que outras marcas tiveram chance de encostar. A Ducati venceu pela primeira vez desde o fim da era Casey Stoner e a Suzuki voltou ao topo do pódio pouco mais de um ano e meio após retornar à classe rainha.

E além do clima instável deste ano, a mudança de Bridgestone para Michelin também tem relação com o Mundial impecável de 2016. Os pneus franceses têm um comportamento diferente de seus antecessores japoneses e permite aos pilotos uma escolha mais variada.

Após o GP da Grã-Bretanha, Rossi, o mais experiente entre os 21 pilotos que formaram o grid de Silverstone, explicou a nova fase do Mundial.

“Com os Bridgestone, você podia ter uma luta dura, pois podia dar um pouco mais na freada, então quando precisava ultrapassar, podia usar o pneu dianteiro de uma maneira diferente”, disse Valentino. “Mas, por outro lado, neste ano com a Michelin a diferença é que todo mundo pode usar um pneu diferente. Por exemplo, [Dani] Pedrosa tinha macio e macio, e ele é rápido como Márquez, que tinha o traseiro duro. Para mim, isso nivela muito a performance”, opinou.

“E no ano passado, com a Bridgestone, não era assim, pois todo mundo no grid tinha o mesmo dianteiro e o mesmo traseiro, então acho que é por isso que vemos batalhas melhores”, continuou. “E também pela eletrônica, porque acho que a eletrônica no mesmo nível ajuda bastante a Suzuki, ajuda bastante a Ducati, e agora a performance das motos é mais similar”, completou.

Viñales foi um dos novos vencedores de 2016 (Foto: Divulgação/MotoGP)
E o espetáculo não é só na MotoGP. No pacote do Mundial de Motovelocidade, embora exista categoria de entrada, divisão intermediária e classe rainha, não tem essa de entrada e prato principal. Moto3 e Moto2 oferecem um show igualmente primoroso.

Na Moto3, aliás, isso não é um privilégio de 2016. Celeiro de jovens talentos, a categoria menor tem como tradição disputas apertadas, com corridas decididas na linha de chegada e muita gente envolvida na briga pela vitória da primeira a última curva.

Na Moto2, é verdade, isso tinha se perdido no ano passado. 2015 viu provas menos intensas, com o vencedor definido com certa tranquilidade, o que levava o fã a sentir falta daqueles áureos tempos onde Marc Márquez largava em último, engolia um a um e recebia a bandeirada na frente.

Mas neste ano é diferente. A Moto2 recuperou o vigor e, depois da lambança feita por Johann Zarco em Silverstone — com uma manobra um tanto questionável para cima de Sam Lowes —, a briga pelo título voltou a ficar apertada. Agora, o francês da Ajo vai para Misano com apenas dez pontos de vantagem para Álex Rins. É a classe onde a briga pelo título está mais apertada.

Na última semana, alguns questionaram a decisão da Dorna de modificar a programação do fim de semana para evitar o confronto com o GP da Itália de F1. Ao fim das duas corridas, uma dúvida permaneceu: será que era necessário?

A F1, embora vista por muitos como a principal categoria do esporte a motor mundial — pessoalmente, prefiro dividir em automobilismo e motociclismo na hora de falar em principal —, a caçula rica não vive lá seu melhor momento. A luta pelo título está restrita a uma única equipe — a Mercedes — e as demais não parecem ter a menor possibilidade de descontar o atraso em um curto intervalo de tempo.

Johann Zarco tem talento também no backflip (Foto: Ajo)
Muito embora períodos de domínio sejam naturais do esporte — isso também aconteceu nas motos —, o esforço da MotoGP em aproximar o grid e aumentar a competitividade é louvável. Foi esse trabalho que devolveu à Ducati sua condição de vencedora, foi esse trabalho que colocou a Suzuki de volta do topo do pódio. E é esse mesmo trabalho que vai trazer a KTM à ribalta em 2017.

E esse mundo comandado pela Dorna é muito mais do que disputas intensas e competitividade. Em suas três categorias, o Mundial é repleto de personagens. Na Moto3, são pilotos jovens que fazem e falam bobagens típicas da idade. Na Moto2, um campeão vigente falante e habilidoso na hora de executar seus backflips da vitória. Na MotoGP, temos astros para todos os gostos.

Expoente dessa geração de pilotos ‘saidinhos’, Rossi não faz mais as celebrações que marcaram sua carreira, mas ainda é um rei de caras e bocas, sempre capaz de render uma boa foto. Crutchlow, por sua vez, é um jovem pai de família, preocupado em ligar para a esposa assim que chega ao parque fechado para celebrar seus feitos em família. Márquez vive sorrindo e é o herói das criancinhas — basta ver a quantidade de fãs mirins que o cercam nos paddocks mundo a fora.

Mas a fofura não está só entre esses que já fazem parte do rol dos vencedores. Scott Redding apareceu em Silverstone com um macacão inspirado no traje do Super-Homem. Danilo Petrucci chegou contando sobre um acidente de trânsito onde o senhor que o acertou por trás quando ele estava parado em um cruzamento a bordo de uma scooter o questionou: “Tem certeza que você sabe dirigir?”. A scooter era nova e do pai do piloto.

E tem também Iannone. Se você ainda não entendeu o apelido de ‘Maniac’ ou ‘Crazy Joe’, experimente dar uma passadinha no Instagram do italiano, onde o piloto da Ducati postou um vídeo mostrando o que acontece quando ele tranca seu Porsche com a chave dentro. Ao que parece, Andrea nunca ouviu falar em chaveiro...

O Mundial de Motovelocidade vive uma excelente fase, dentro e fora da pista. E em todas suas divisões. E essa qualidade se reflete no público dos autódromos, na audiência da televisão e na repercussão nas redes sociais.

Daqui 20, 30, 40 ou 50 anos, hão de se referir a esta como a era de ouro do motociclismo.

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quarta-feira, 6 de abril de 2016

Aventura espacial

Andrea Iannone e Dani Pedrosa viveram uma aventura especial nesta quarta-feira (6). Acompanhados por Kevin Schwantz, a dupla aproveitou a passagem do Mundial de Motovelocidade pelo Texas para fazer uma visita à Nasa, a agência espacial norte-americana.

Às vésperas do GP das Américas, os pilotos de Honda e Ducati, junto com o campeão de 1993, fizeram um tour no Centro Espacial Johnson, no Texas. As instalações texanas, que são conhecidas como ‘Space City’ (Cidade Espacial), são usadas pela Nasa para a maioria de seus treinamentos para voos espaciais tripulados e pesquisa.

Kevin Schwantz, Andrea Iannone e Dani Pedrosa visitaram a Nasa nesta quarta (Foto: Divulgação/MotoGP)
Além de ser um campo de formação, o Centro Espacial também controlou as missões Gemini (o segundo projeto de exploração espacial da agência), Apollo (que culminou na chegada do homem a Lua) e Space Shuttle (dos ônibus espaciais).

Escoltados pelo astronauta Andrew ‘Drew’ Feustel, que se prepara para sua terceira missão no espaço, Iannone e Pedrosa puderam provar a experiência espacial. Primeiro, eles foram apresentados a robôs e sondas desenvolvidos pela Nasa. Depois, após um curto treinamento, Dani levou Andrea para um passeio a bordo de um MRV (Veículo de Robótica Modular), um veículo que será utilizado em futuras missões à Lua ou até mesmo em Marte. O veículo tem rodas que giram 360°.

Centro Espacial Johnson é campo de treinamento de astronautas (Foto: Divulgação/MotoGP)
Na sequência, Iannone, Schwantz e Pedrosa foram levados ao CCT, o compartimento de treinamento de tripulação, onde os astronautas se adaptam ao trabalho em posição horizontal e vertical. Ainda, os pilotos visitaram o modelo da Estação Espacial Internacional, onde Andrea teve a chance de conhecer e conversar com o astronauta italiano Luca Parmitano, que já morou na ISS.

O trio visitou, ainda, a histórica sala de controle da missão Apollo, que operou entre 1965 e 1992, e lançou a missões históricas como a Apollo 11, que levou o homem a Lua pela primeira vez, e a Apollo 13, que não conseguiu pousar na Lua por conta de um acidente na viagem de ida, causado pela explosão do módulo de serviço, que impediu a descida do satélite. Ainda assim, a nave e seus tripulantes — Jack Swigert, Fred Haise e Jim Lovell — conseguiram retornar para a Terra após seis dias no espaço. Foi essa viagem que popularizou a frase ‘Houston, we have a problem’.

Pedrosa levou Iannone para passear no MRV (Foto: Divulgação/MotoGP)
Também, Iannone e Pedrosa tiveram a chance de conhecer o atual centro de controle, de onde a Nasa monitora a Estação Espacial Internacional. Atuais residentes da ISS, Tim Kopra, Tim Peake e Jeff Williams se comunicaram ao vivo com os pilotos, por áudio e vídeo. Depois de conversarem sobre motos e foguetes, Dani convidou o trio de astronautas para uma visita a MotoGP tão logo eles retornem à Terra.

O último ponto do passeio foi o Laboratório de Flutuação Neutra, uma gigante piscina indoor onde os astronautas se prepararam para as mudanças gravitacionais do espaço.

A piscina, que tem mais de dez metros de profundidade e cerca de 23 milhões de litros de água, afugentou os pilotos, que não encararam um mergulho em território da Nasa.

Andrea e Dani estiveram no compartimento de treinamento de tripulação (Foto: Divulgação/MotoGP)

E também conheceram um módulo da Estação Espacial Internacional (Foto: Divulgação/MotoGP)

Os pilotos se comunicaram com os atuais residentes da Estação Espacial Internacional por áudio e vídeo (Foto: Divulgação/MotoGP)

Kevin, Andrea e Dani foram acompanhados pelo astronauta Andrew ‘Drew’ Feustel (Foto: Divulgação/MotoGP)

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quarta-feira, 30 de março de 2016

La Bombonera

Yonny Hernández, Aleix e Pol Espargaró fizeram um tour por Buenos Aires nesta quarta-feira (30) às vésperas do GP da Argentina. Seguindo a tradição do Mundial de Motovelocidade, os três pilotos percorreram alguns bairros da capital argentina em um evento promocional e terminaram o passeio na Bombonera, o estádio do Boca Juniors.

Aleix e Pol Espargaró e Yonny Hernández percorreram as ruas de Buenos Aires (Foto: Divulgação)
De moto, os pilotos de Aspar, Suzuki e Tech3 começaram o percurso em La Biela, um tradicional café frequentado por escritores e atores. De lá, o trio partiu para Puerto Madero, seguindo em direção ao bairro de San Telmo, o distrito mais antigo da capital.

Depois, Yonny, Aleix e Pol passaram por Caminito, uma pequena rua repleta de museus, até chegarem a La Boca, onde fica La Bombenera. No estádio do Boca Junior, os pilotos receberam camisas do clube argentino, devidamente identificadas com os números usados na MotoGP.

Passeio foi um ato promocional do GP da Argentina (Foto: Divulgação/MotoGP)
Animado com a visita, o colombiano Hernández afirmou que a Argentina é como sua “segunda casa”. “É como correr em casa”.

Fã confesso de futebol, Aleix não escondeu a alegria por visitar a casa do Boca. “Visitar La Bombonera é uma coisa muito especial para um fã de futebol como eu. Fiquei encantado”.

Os três pilotos ganharam camisas do Boca Juniors (Foto: Divulgação)
Esta quinta, aliás, é um dia importante para o Boca, já que o clube, que tem um projeto de construir um novo estádio próximo ao atual, realiza uma assembleia para definir os rumos deste plano. A ideia, entretanto, conta com a reprovação da maioria dos sócios.

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segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

No cume da Europa

Restando poucos dias para o início da temporada 2016 da MotoGP, a Yamaha levou as YZR-M1 de Jorge Lorenzo e Valentino Rossi para um passeio. Os dois protótipos de 1000cc subiram o Maciço do Monte Branco, o ponto mais alto da Europa Ocidental.

A Yamaha levou as YZR-M1 para um passeio (Foto: Yamaha)
Na viagem, que faz parte de um projeto especial da Yamaha e da agência Getty Images, as duas M1 alcançaram a Ponta Helbronner, um cume do maciço que atinge os 3.466 metros.

O protótipo subiu o Maciço Monte Branco (Foto: Yamaha)
Chefe da Yamaha, Massimo Meregalli encarou uma temperatura de -20°C e acompanhou a viagem. Junto com o fotógrafo Guido De Bortoli, o dirigente e os dois protótipos chegaram ao novo terraço da Ponta Helbronner pelo bondinho SkyWay, que abriu no ano passado para conectar a cidade de Courmayeur ao acidente geográfico que faz parte da divisória de águas entre o Mar Adriático e o Mar Mediterrâneo.

Massimo Meregalli acompanhou o passeio (Foto: Yamaha)
Agora, as M1 se livram do frio e seguem rumo ao Catar, onde Rossi e Lorenzo reassumem o comando das motos para a última bateria de testes da pré-temporada, que acontece entre 2 e 4 de março, na pista de Losail.

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domingo, 7 de fevereiro de 2016

Projeto Moto2

A KTM surpreendeu o mundo da motovelocidade no último dia 31 ao anunciar que construiu uma moto para a Moto2 em parceria com a WP. A nova máquina, aliás, já fez seu debute em um teste privado em Almería, na Espanha.

Além de ter sido um segredo bastante bem guardado, a iniciativa da marca austríaca surpreende pelo fato de a classe intermediária do Mundial de Motovelocidade usar motor padrão da Honda CBR 600 RR. O contrato com a marca da asa dourada vai até 2018.

KTM apresentou moto para o Mundial de Moto2 (Foto: Divulgação/KTM)
Em maio do ano passado, pouco após anunciar a renovação do vínculo entre Honda e Moto2, a FIM (Federação Internacional de Motociclismo) e a Dorna, promotora do Mundial de Motovelocidade, iniciariam uma busca por potenciais fornecedores para os motores da Moto2 a partir de 2019.

A WP, que assim como a KTM, a Husqvarna e a Pankl é propriedade da Cross Industries AG, produz componentes de suspensão, sistemas de resfriamento, chassis e exaustores, não é totalmente estranha ao mundo da divisão intermediária. Ano passado, a fábrica de Munderfing viu Johann Zarco conquistar o título da Moto2 usando componentes da WP.

Além disso, em nome da KTM, a WP já produz os chassis usados na Moto3 e na Red Bull Rookies Cup. Para o projeto da KTM na MotoGP, a WP também fabricou elementos do chassi.

Diretor-executivo da Cross Industries AG, Stefan Pierer destacou a importância do projeto para a marca e revelou que a ideia da KTM é ver um piloto chegar ao título da MotoGP se desenvolvendo dentro da academia da marca. A casa austríaca vai entrar na classe rainha do Mundial de Motovelocidade em 2017.

Nova moto fez seu primeiro teste em Almería (Foto: Divulgação/KTM)
“O projeto da Moto2 tem um grande significado para nós”, disse Pierer. “Por meio do nosso crescimento e investimentos de longo prazo, nós estamos perto cruzar essa última barreira em nossas atividades no esporte”, seguiu.

“Um jovem piloto pode ter sua primeira experiência na Rookies Cup e aí avançar para a Moto3 com o nosso próprio time. Aí, por meio do nosso novo projeto na Moto2, chegar à MotoGP”, explicou. “Esses são conceitos que provaram repetidamente serem bem sucedidos para a KTM e a WP nas corridas profissionais e, no futuro, nós queremos ter pilotos para o nosso projeto na MotoGP que avançaram inteiramente dentro da Academia KTM”, completou.

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