Durante a entrevista, Poit afirmou que São Paulo sonha em receber o Mundial de Motovelocidade. De acordo com o dirigente, que classificou como “sonho ambicioso” receber o Mundial de Motovelocidade, já existem conversas com os responsáveis pelo certame.
Atual reforma não vai deixar Interlagos nos padrões da MotoGP (Foto: Marcelo Iha/SPTuris) |
“A gente está sendo procurado por diversas organizações”, contou. “Não temos nada. Vamos anunciar no momento certo. Mas, como disse, Interlagos tem sonhos ambiciosos e nós estamos conversando, inclusive, com o pessoal da MotoGP”, completou.
Interlagos está passando por uma grande reforma, que conta com um investimento de R$ 160 milhões. A verba faz parte de um repasse feito pelo Ministério do Turismo à cidade de São Paulo, que tem o valor total de R$ 260 milhões. O restante do dinheiro será aplicado na reforma do complexo do Anhembi (R$ 60 milhões) e na construção das Fábricas do Samba (R$ 40 milhões).
A reforma, no entanto, atende às exigências de Bernie Ecclestone para renovar o contrato da F1 com o circuito paulistano e, claro, não teve o projeto elaborado pensando nas necessidades de segurança do Mundial de Motovelocidade.
Como bem se sabe, F1 e MotoGP têm exigências de segurança bastante distintas, exatamente por conta da exposição dos pilotos. Na prática, isso significa dizer que não é porque um circuito tem a homologação máxima da FIA (Federação Internacional de Automobilismo) que vai conseguir a mesma coisa com a FIM (Federação Internacional de Motociclismo).
E a SPTuris sabe disse. Não tem nem tanto tempo assim que a entidade máxima do esporte passou por aqui para vistoriar o circuito de Interlagos e percebeu que a pista de São Paulo não atende os padrões de segurança.
Para receber a MotoGP, a pista de Interlagos precisaria de uma grande reforma. Uma reforma maior do que a que está sendo feita hoje, pois as áreas de escape precisariam ser bastante aumentadas.
A declaração de Poit coloca Interlagos como o terceiro circuito do país a manifestar interesse pelo Mundial de Motovelocidade, mas me parece um tanto quanto estranho que nenhum dos três leve em conta as necessidades de segurança.
A reforma do circuito de Brasília é uma promessa antiga — e aparentemente eterna — e ninguém tem motivos bons o bastante para acreditar que um dia vá sair do papel. Afinal, os responsáveis pela pista levaram meses para elaborar um projeto de reforma e depois vieram com uma ideia de fazer as coisas picadinhas para poder receber a Indy no ano que vem.
O caso de Goiânia é um pouco diferente. A pista goiana efetivamente foi reformada, mas apesar de o governo local ter dito que o projeto foi feito pensando na MotoGP, a coisa não é bem assim. A Dorna, promotora do Mundial, mandou representantes até o Brasil e concluiu que o traçado precisa de mais reformas para garantir a integridade dos pilotos.
E agora aparece a ideia de Interlagos, um circuito que não tem e que não vai ter — não após essa reforma — os padrões de segurança necessários para receber o Mundial de Motovelocidade.
Ao que parece, planejamento não é a maior especialidade dos responsáveis pelas pistas brasileiras, mas eles têm certo talento para comédia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário