quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Eu ri

Às vésperas do GP do Brasil de F1, Fernando Haddad, prefeito de São Paulo, esteve no Autódromo de Interlados no último dia 16 para uma entrevista coletiva. Acompanhado por Wilson Poit, presidente da SPTuris, a empresa de turismo e eventos de São Paulo, o prefeito falou sobre a reforma da pista, a importância da F1 para cidade e o cancelamento da etapa paulista da Indy.

Durante a entrevista, Poit afirmou que São Paulo sonha em receber o Mundial de Motovelocidade. De acordo com o dirigente, que classificou como “sonho ambicioso” receber o Mundial de Motovelocidade, já existem conversas com os responsáveis pelo certame.

Atual reforma não vai deixar Interlagos nos padrões da MotoGP (Foto: Marcelo Iha/SPTuris)
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“A gente está sendo procurado por diversas organizações”, contou. “Não temos nada. Vamos anunciar no momento certo. Mas, como disse, Interlagos tem sonhos ambiciosos e nós estamos conversando, inclusive, com o pessoal da MotoGP”, completou.

Interlagos está passando por uma grande reforma, que conta com um investimento de R$ 160 milhões. A verba faz parte de um repasse feito pelo Ministério do Turismo à cidade de São Paulo, que tem o valor total de R$ 260 milhões. O restante do dinheiro será aplicado na reforma do complexo do Anhembi (R$ 60 milhões) e na construção das Fábricas do Samba (R$ 40 milhões).

A reforma, no entanto, atende às exigências de Bernie Ecclestone para renovar o contrato da F1 com o circuito paulistano e, claro, não teve o projeto elaborado pensando nas necessidades de segurança do Mundial de Motovelocidade.

Como bem se sabe, F1 e MotoGP têm exigências de segurança bastante distintas, exatamente por conta da exposição dos pilotos. Na prática, isso significa dizer que não é porque um circuito tem a homologação máxima da FIA (Federação Internacional de Automobilismo) que vai conseguir a mesma coisa com a FIM (Federação Internacional de Motociclismo).

E a SPTuris sabe disse. Não tem nem tanto tempo assim que a entidade máxima do esporte passou por aqui para vistoriar o circuito de Interlagos e percebeu que a pista de São Paulo não atende os padrões de segurança.

Para receber a MotoGP, a pista de Interlagos precisaria de uma grande reforma. Uma reforma maior do que a que está sendo feita hoje, pois as áreas de escape precisariam ser bastante aumentadas.

A declaração de Poit coloca Interlagos como o terceiro circuito do país a manifestar interesse pelo Mundial de Motovelocidade, mas me parece um tanto quanto estranho que nenhum dos três leve em conta as necessidades de segurança.

A reforma do circuito de Brasília é uma promessa antiga — e aparentemente eterna — e ninguém tem motivos bons o bastante para acreditar que um dia vá sair do papel. Afinal, os responsáveis pela pista levaram meses para elaborar um projeto de reforma e depois vieram com uma ideia de fazer as coisas picadinhas para poder receber a Indy no ano que vem.

O caso de Goiânia é um pouco diferente. A pista goiana efetivamente foi reformada, mas apesar de o governo local ter dito que o projeto foi feito pensando na MotoGP, a coisa não é bem assim. A Dorna, promotora do Mundial, mandou representantes até o Brasil e concluiu que o traçado precisa de mais reformas para garantir a integridade dos pilotos.

E agora aparece a ideia de Interlagos, um circuito que não tem e que não vai ter — não após essa reforma — os padrões de segurança necessários para receber o Mundial de Motovelocidade.

Ao que parece, planejamento não é a maior especialidade dos responsáveis pelas pistas brasileiras, mas eles têm certo talento para comédia.

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